Por: Prof. Sebastião Donizete Santarosa
Nesta semana, as escolas públicas do Paraná estarão, todas elas, envolvidas com a aplicação da Prova Paraná. Essa é mais uma das heranças malditas da gestão do empresário Renato Feder, das quais ainda não nos libertarmos. Todo o dinheiro, toda a mão-de-obra e todos os esforços aplicados na realização dessa atividade são pedagogicamente inúteis, inequivocamente inúteis. O governo do Paraná desperdiça recursos da educação com ações sem as quais as escolas certamente funcionariam muito melhor.
Avaliação escolar, sem dúvidas, é parte importante do processo de ensino e de aprendizagem como instrumento de análise, de diagnóstico, de planejamento e de intervenção pedagógica. Como os contextos de ensino e os sujeitos da aprendizagem são constitutivamente singulares, cada professor, de acordo com o seu plano de trabalho, deve ter garantida a liberdade para fazer uso do instrumento avaliativo que julgar mais adequado. Diferentemente disso, as avaliações de alta escala como a Prova Paraná têm como objetivo a homogeneização, o controle de professores, o estabelecimento de metas, a classificação de estudantes e o ranqueamento de escolas. Tratam-se de objetivos antagônicos a uma política educacional democrática.
Ao contrário do controle, da quantificação, da classificação, da seleção e da consequente exclusão, uma escola democrática deve visar à participação coletiva em todas as etapas de desenvolvimento do projeto educativo, à corresponsabilidade, à valorização das diferenças, à cooperação e à solidariedade. Educação de qualidade só é possível ser construída em comunhão de vontades, com engajamento coletivo. Provavelmente o atual governo do Paraná não saiba, mas escolas não se confundem com linhas de montagem e jamais poderão ser geridas como empresas: educação é prática de liberdade.
Para grande parte de nossos estudantes, os conteúdos cobrados na Prova Paraná, abstraídos de suas realidades existenciais, não têm nenhuma relevância. A quantidade de questões que irão acertar nessa prova também pouco lhes importa. Não é à toa que os diretores escolares estão se desdobrando para oferecer até lanches especiais nos dias das provas para garantir presença dos estudantes e não serem punidos pela secretaria de educação.
Biai, Crep, RCO, Tutoria, Observação em Sala de Aula, Prova Paraná, Plataformas, Militarização... O governo Ratinho Júnior esbanja dinheiro público em mecanismos de fiscalização e de controle de professores. Certamente, Ratinho Júnior comunga da afirmação leviana de Renato Feder segundo a qual os professores de escolas públicas são semi-analfabetos. Pior, provavelmente considera-os mal intencionados, pessoas que precisam ser controladas e vigiadas.
É impressionante como alguém que demonstra não entender nada de educação e não ter nenhum respeito pela escola pública conseguiu se manter à frente da Secretaria de Educação do Paraná durante quatro anos, promover tantos estragos e, como prêmio, assumir a secretaria de educação do estado mais rico do país.
De norte a sul, de leste a oeste, em todos os quadrantes deste país que se deseja democrático, está na hora dos educadores desfederizarem a escola pública. Precisamos de liberdade para ensinar e aprender, com alegria, com respeito à história, às diferenças e às singularidades. Chega de renatos federes, chega de mecanismos de controle, chega de pressão, chega de assédio e de violência contra educadores.
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