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A INVENCÃO DAS MULHERES – 3ª Reunião – Núcleo de Filosofia Pan-Africanista

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3ª Reunião: Reconstruindo a Cosmologia e as Instituições Socioculturais Oyós-Iorubas (parte I)

Expositora: Ana Cláudia Magnani Delle Piagge.

Data: 10/11/2025

 

Nessa Parte, Oyěwùmí propõe os termos anamacho e anafêmea como alternativas às categorias ocidentais de “homem” e “mulher”. Esses conceitos são fundamentais para sua crítica ao colonialismo epistemológico que impôs uma visão binária e biologizante de gênero às sociedades africanas.

 

Além da sociedade iorubá, a imposição colonial alterou profundamente as estruturas sociais de diversas outras sociedades africanas, como os Akan em Gana, os Igbo na Nigéria e os povos do sul de Moçambique.

 

Os conceitos de anamacho e anafêmea, elaborados por Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí em A invenção das mulheres, são fundamentais para compreender como o gênero é uma construção social que não pode ser universalizada a partir de parâmetros ocidentais. Ao propor esses termos, a autora busca desestabilizar a ideia de que as categorias "homem" e "mulher" são naturais e universais, mostrando que, em sociedades africanas como a iorubá, as relações sociais eram organizadas por critérios como idade, senioridade e linhagem, e não por sexo biológico. Essa crítica se estende a outros contextos africanos, onde a colonização impôs uma estrutura binária de gênero que não correspondia às formas locais de organização social. Em muitas sociedades africanas pré-coloniais, as funções sociais não estavam rigidamente divididas entre homens e mulheres, e o poder político, religioso e econômico podia ser exercido por pessoas independentemente de seu sexo biológico.

 

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Entre os Akan de Gana, por exemplo, as mulheres exerciam papéis centrais na economia e na política por meio de sistemas matrilineares. A colonização britânica impôs estruturas patriarcais que marginalizaram essas lideranças femininas. Já entre os Igbo, na Nigéria, as mulheres participavam ativamente da governança local e das redes comerciais. A chegada dos colonizadores europeus desestabilizou essas práticas, substituindo-as por modelos administrativos que excluíam as mulheres da esfera pública. No sul de Moçambique, as mulheres tinham papéis importantes em rituais e na mediação de conflitos. A colonização portuguesa, ao introduzir o modelo de família nuclear cristã e políticas de assimilação, reduziu drasticamente sua autonomia e visibilidade social.

 

Os termos anamacho e anafêmea permitem pensar essas identidades fora da lógica binária, abrindo espaço para uma epistemologia africana que reconhece a diversidade de formas de ser e viver. No debate contemporâneo sobre gênero, esses conceitos dialogam com teorias queer e feministas pós-coloniais que questionam a naturalização do binarismo de gênero e denunciam sua função como instrumento de dominação. Ao mostrar que o gênero é uma invenção histórica e cultural, Oyěwùmí contribui para a desconstrução de sistemas opressivos e para a valorização de saberes locais. Sua obra inspira movimentos que buscam formas mais plurais e inclusivas de compreender a identidade, o corpo e a subjetividade, especialmente em contextos marcados pela intersecção entre raça, gênero e colonialismo.


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