XI Reunião de Estudos de Cheikh Anta Diop – Núcleo de Filosofia Pan-africanista da Aproffib
- siteaproffib
- 31 de jul.
- 3 min de leitura

Nesta XI Reunião de Estudos do Núcleo de Filosofia Pan-africanista da Aproffib, sobre a obra A Origem Africana da Civilização, de Cheikh Anta Diop, tivemos a exposição do prof. Aldo dos Santos acerca do capítulo X: Evolução Social e Política no Egito Antigo. Na mediação tivemos o prof. Aldacir Fonseca de Souza.
Aldo dos Santos é Filósofo, Escritor, professor de cursinho popular, Doutor em Psicanálise, Diretor estadual da Apeoesp, Vice-presidente da Aproffib e coordenador do Núcleo de Filosofia Pan-africanista da APROFFIB.
Aldacir Fonseca de Souza é ativista e militante do Movimento Negro Nacional, da Coordenação Nacional de Entidades Negras/CONEN, Diretor da Aproffib, Coordenador deste Núcleo e estuda a exclusão de DHs com recorte racial.
Cheikh Anta Diop classifica a evolução social e política do Antigo Egito em três ciclos, sempre demonstrando a sua origem negra, refutando a teoria ad hoc europeia que vai no sentido contrário.
Sobre o primeiro ciclo – O Império Antigo, Diop aborda a unificação do Egito sob o Rei Narmer (ou Menes), com uma monarquia cuja característica marcante é a sua centralização e uma civilização florescente com forte presença da cultura negra, tendo o seu auge na Quarta Dinastia com a construção das pirâmides. Entretanto, o poder real enfraqueceu progressivamente com o crescimento de uma aristocracia hereditária, num processo que levou à estagnação econômica, revoltas populares e o colapso do Império, marcado por anarquia, fome, violência e tentativas temporárias de autogoverno nas cidades. A monarquia acabou sobrevivendo como um ideal, mas seu poder foi diluído por um feudalismo fragmentado.
Sobre o segundo ciclo – O Reino Médio, Diop esclarece que esse período foi marcado pelo colapso do poder real e a fragmentação política permitiram que governadores locais e aristocratas se tornassem independentes, vivendo como senhores feudais. Apesar do caos, houve uma descentralização cultural com produção artística e religiosa regionalizada, refletindo um período de liberdade e renovação. A ausência de um poder central também abriu espaço para uma religiosidade mais acessível às camadas populares.
Sobre o terceiro ciclo – Evolução Posterior, Diop explica que a centralização no Egito foi restaurada por Mentuhotep II, consolidando a monarquia e promovendo reformas administrativas e militares. Houve expansão territorial e florescimento cultural, mas as contradições sociais se intensificaram. O poder do faraó foi ameaçado por uma aristocracia fortalecida, e o uso de mercenários núbios no exército refletiu a militarização da sociedade. O fim do período foi marcado por invasões dos hicsos e retorno à fragmentação.

Pudemos verificar neste capítulo, além da origem negra do Egito, o desenvolvimento de uma luta entre classes sociais. Nesse sentido, a incitante apresentação do prof. Aldo dos Santos faz um interessante paralelo com as condições de luta de classes e especialmente à escravização humana, conforme síntese abaixo:
"O Estado Grego foi fundado desde seu nascimento sobre a escravidão e a intangibilidade da propriedade privada da terra. Em contraste, o aparecimento de um Estado com um sistema econômico Asiático, como descrito por Marx e Engels, mostra que este não surgiu abruptamente do contato brutal de duas raças, uma das quais escravizou a outra e, assim, criou desde o início, a condições para o desenvolvimento da luta de classes e da propriedade privada.
Este é o resultado da organização, seja como for, de uma vida sedentária comum entre os 'cidadãos' do mesmo território. Estas condições iniciais são desfavoráveis para o aparecimento da escravidão nacional ou o egoísta e mal regulado desenvolvimento da propriedade privada.
Por razões óbvias, este segundo tipo de Estado tem existido mais frequentemente do que o primeiro, e as razões para isso são mais claramente visíveis.
É por isso que o Estado Greco-Latino foi uma exceção histórica como contra o tipo mais geral. Os Indo-Europeus foram incapazes de criar um regime escravista no Irã e na Índia tão extensivamente como na Grécia e em Roma, porque eles não foram capazes de ocupar esses países em número suficiente.
Em suma, é suficiente para as sociedades com um modo de produção Asiático serem reduzidas à escravidão para elas inserirem-se no ciclo histórico da humanidade.
A emancipação mundial de todas as ex-colônias Europeias que, sem exceção, eram dependentes deste modo de produção, ilustra essa ideia. Foi a escravidão, no sentido Ocidental, que fez um Prometheus de Toussaint Louverture (1743-1803) precursor da independência Haitiana. Wendell Phillips chamou-o de o soldado, o estadista, o mártir."
Assista a aula na íntegra:
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